
Descrição do livro: Capa em fundo branco, no canto inferior direito um menino de cabelos dourados vestindo um conjunto verde sobre um pequeno planeta rodeado de estrelas.
Título: O Pequeno Príncipe
Título original: Le Petit Prince
Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Ilustrador: Antoine de Saint-Exupéry
Idioma original: Francês
Tradução (Pt-br): Dom Marcos Barbosa
Editora: HarperCollins 1ª edição (27 agosto 2018)
Data da primeira publicação: 6 de abril de 1943
Páginas: 96
Sempre temos uma experiência literária que nos marca grandiosamente, e não necessariamente é a primeira leitura. Eu já não era mais uma garotinha do fundamental quando encontrei, num livro bem fininho, a história de um aviador quando se perdeu no Deserto do Saara e, por um acaso, ou destino, encontrou um Pequeno príncipe, ou será que este pequeno viajante havia o encontrado?
Pois bem, O Pequeno Príncipe, por Antoine de Saint-Exupéry, me capturou de tal maneira, e ainda captura, até o presente momento, que suas palavras me transbordam em alegrias, reflexões, mas principalmente questionamentos. O primeiro capítulo, traz consigo o passado do aviador, quando criança adorava desenhar, e por sua vez desenhou uma jiboia que acabara de engolir um elefante inteirinho. Ao mostrar aos adultos, “as pessoas grandes”, muitos confundiram-no com um chapéu, simplesmente não deixavam a imaginação fluir, transpassar as paredes limitantes de quando crescem. “Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor.” disse o aspirante a artista, com seu sonho desfeito em pedaços. Com isso, o garoto sonhador cresceu, descobrindo um novo mundo, onde não cabia suas jiboias abertas e fechadas.
"As pessoas grandes são assim.[...] Elas têm sempre necessidade de explicações."
É durante o segundo capítulo, e seus posteriores, que conhecemos, junto com o aviador, o principezinho. Interessante, encantador, sorridente, questionador como qualquer criança daquele tamanho, abaixo de um metro e meio. Ele havia vindo de muito longe, deixando senão o que mais amava para trás, para seguir além dos poucos passos que o planeta onde o habitava permitia. O pequeno viajante, em sua trajetória, passou a visitar os poucos planetas que avistava, todos habitados por pessoas grandes, entre eles um Rei, que governava sobre tudo e todas as coisas (sendo ele o único de seu planeta), e em outro um sério empresário, que possuía todas as estrelas a partir da sua contabilidade.
Minha imaginação encontrava-se inflada por toda a narrativa, conjunta com as pequenas aquarelas, feitas pelo próprio autor, presentes no livro. Todas as frases de efeito, aquelas que trazem um significado por trás e uma lição moral, faziam todo sentido, pelo menos para alguém, que na época, sabia tão pouco sobre o mundo, e confessa ainda não saber de muito. O seu último destino foi a Terra, onde encontrou o aviador, onde nossa leitura começou. Mas antes ele encontra uma raposa, ou será que a raposa o havia encontrado? Lembro de anotar atrás de um caderno, que carregava sempre comigo, as falas da raposa. Ela pede, insistentemente, para que o Pequeno Príncipe a cative, e assim ele fez, pacientemente. Tornam-se amigos, especiais um para o outro, agora já não era apenas uma raposa como cem mil outras espalhadas pela Terra e ele não mais um menino qualquer, criaram um laço, eram entre si únicos no mundo.
“A gente só conhece bem as coisas que cativou.”
Chegado o último momento de sua jornada, após oito dias de pane no deserto, já estava na hora de partir, caminharam então a procura de um poço, pois não havia mais água para beberem. O Principezinho teria que retornar ao seu pequeno planeta. Demorou muito para entender a tamanha saudade sentia, a necessidade de salvaguardar o que havia deixado para trás: a sua Rosa. Não uma como as outras que encontrou durante sua estada em nosso planeta, mas a que o havia o amado intensamente. Ambos não voltariam os mesmos para casa, depois de tanto cativarem um ao outro. Dizer adeus não é tão simples quanto parece, com uma palavra de apenas cinco letras.
“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...”
A sensação nostálgica transbordou novamente ao reler O Pequeno Príncipe. Permitir-se sonhar e pensar como algumas situações podem ser relativamente simples, que como qualquer raio de alegria é passageiro, a tristeza também é um estado volátil, mutável. O livro possui um grau de responsabilidade, ao abordar sobre os conceitos de amizade, amor e como as crianças, quando crescem, perdem a ingenuidade infantil. Ao crescerem dão preferência aos números, as profissões “de verdade”, as posses e seus valores monetários, engavetando os sonhos. Razão para o protagonismo ser figurado por uma criança, além da narrativa ser dedicada às crianças, não apenas as de tamanho, como também as de alma. Em suma, O Pequeno Príncipe nos faz compreender o mundo ao nosso redor de uma perspectiva infantil, escutar o nosso interior, e permitir a nossa criança interior “comandar-nos” de vez em quando.
“Adeus, -disse a raposa- Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”
Atenciosamente, Jéfita Castro.
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