
Informações técnicas dos livro:
Descrição do livro: capa de fundo preto com diversos livros de capa verde fluorescente alinhados um ao lado do outro em prateleiras.
Título: A Biblioteca da Meia-noite
Título original: The Midnight Library
Autor: Matt Haig
Tradução: Adriana Fidalgo
Editora: Bertrand Brasil
Data da 1ª publicação: 31 de maio de 2021
Páginas: 308
Nota: 4/5
Bem-vindos à Biblioteca da Meia-noite
Imagine que, no limiar entre a vida e a morte, você tem a chance de viver todas as versões do que você poderia ter sido se tivesse trilhado caminhos diferentes dos que realmente trilhou. Se você tivesse a chance de viver uma vida completamente diferente, você a viveria?
Em A Biblioteca da Meia-noite, a morte está batendo na porta e a biblioteca continuará existindo enquanto o relógio permanecer com os ponteiros imóveis, indicando aquela linha tênue entre um dia e outro. A bibliotecária te recepciona, ela tem a aparência de um café sob o pôr do sol dourado e o cheiro adocicado da sua melhor lembrança. Ela sorri e declara:
"Entre a vida e morte, há uma biblioteca. E dentro dessa biblioteca, as prateleiras não têm fim. Cada livro oferece uma oportunidade de experimentar outra vida que você poderia ter vivido. De ver como as coisas seriam se tivesse feito outras escolhas... Você teria feito algo diferente, se houvesse a chance de desfazer tudo de que se arrepende?"
Os livros podem ser emprestados somente enquanto a biblioteca existir e você ainda não tenha decidido sua nova vida. Uma vez escolhido seu mais novo eu, a biblioteca não permite mais empréstimos, você está vivo de novo e as prateleiras fluorescentes se desfazem em uma memória translúcida.
A protagonista Nora Seed é uma mulher de 35 anos e um pesado livro cheio de arrependimentos (literalmente). Ela vive uma vida monótona demais e sem muitos feitos ao longo da vida adulta. Após uma tentativa de suicídio, Nora desperta em um lugar desconhecido, onde não existe nada além de uma imensa biblioteca que parece não ter fim e a única forma de sair de lá é sendo levada pela morte ou com uma vida completamente diferente.
Nora Seed é uma personagem fácil de se identificar. Se ver no medo dela em relação à vida é inevitável, afinal, vivemos constantemente atormentados por coisas que deixamos de fazer por puro receio. Morar com um amigo fora do país, se casar e ter filhos, ter seguido seu sonho ou feito algo pelo planeta... De repente, ficar em casa olhando as redes sociais parece muito mais confortável do que se arriscar, até percebemos que deixamos de viver a vida que havíamos arquitetado tão cuidadosamente para nós mesmos em nossos devaneios.
A Biblioteca da Meia-noite não é exatamente o meu tipo de livro. Prefiro histórias de suspense com enredos mais intrincados e sangrentos. Gosto de me sentir abalada por uma história e pensar sobre ela por dias, meses talvez. Eu não me senti abalada pela leitura, tampouco o livro conta com reviravoltas mirabolantes, mas as vezes a gente está tão cansado que só quer um livro mais leve e que não aconteça muita coisa que nos force a pensar muito, sabe? A minha experiência com o livro se resume bem nisso. Nada de muito diferente acontece, mas a leitura é agradável, ela flui e cumpre o papel que se propõe. A Biblioteca da Meia-noite discorre sobre temas como saúde mental, filosofia, morte, amor e vida de uma forma consideravelmente leve. Apesar de, às vezes, cair em uma estrutura repetitiva, ficamos curiosos em saber o quanto Nora é modificada de acordo com suas experiências e escolhas. Terminá-lo de ler é até um pouco motivador. Eu não diria que te muda drasticamente, mas te oferece uma perspectiva diferente.
Todo os dias a gente acorda se perguntando porquê não somos diferentes. E o que não daríamos para pular de uma vida para outra em um folhear de páginas? Somos feitos de potencial, dentro do nosso corpo habitam todos os universos e possibilidades e mesmo assim a vida nos força a fazer uma escolha muito limitada dentre todas as variáveis possíveis, uma vez que somos seres tão frágeis e efêmeros para desfrutar de toda essa potencialidade. Nora Seed é uma velha fogueira apagada, quanto mais você a acompanha, mais constantemente se pega pensando em como ela sabe fazer tantas coisas. Como alguém que poderia ter tido tanto sucesso como nadadora olímpica, cientista, cantora, compositora ou filósofa acabou dentro de um apartamento minúsculo, em um emprego medíocre e sem nenhuma companhia além de seu gato?
Eu sempre fui assombrada pela ideia de que, por mais que eu tentasse, seria fisicamente impossível ser tudo o que eu tenho potencial de ser, então acompanhar a protagonista enquanto ela explorava todos os caminhos possíveis que sua vida poderia ter trilhado foi uma experiência agradável, apesar do gosto agridoce que permanecia na boca enquanto, mesmo depois de tantas escolhas e vidas diferentes, ela nunca conseguia fugir completamente dos problemas. Independente dos caminhos tomados a vida nunca seria perfeita e buscar essa perfeição seria permanecer fadada à infelicidade.
Talvez não houvesse uma vida perfeita para ela, mas em algum lugar, com certeza, existia uma vida que valia a pena ser vivida.
Se você estiver procurando uma leitura mais fluida, definitivamente recomendo A Biblioteca da Meia-noite. Não deixe que as referências usadas de forma, eu diria, exagerada te faça desistir, elas vão diminuindo ao longo do livro (ou você se acostuma com elas). É um bom descanso para a cabeça, o livro te faz relaxar um pouco sem deixar sua mente completamente inerte. Talvez depois desse livro você decida seguir o seu sonho de estudar as geleiras, se aventurar por outro país com seus melhores amigos ou decida chamar aquele moço simpático para um café.
Adorei! Fiquei com vontade de ler 😍
Já quero ler! ❤️